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Diferença de preços entre submercados pressiona lucro da Cemig no 1T25

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Escritório da Cemig (MG)

A Cemig reportou lucro líquido de R$ 1,04 bilhão no primeiro trimestre de 2025, queda de 9,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa atribuiu ao recuo o impacto negativo de R$ 87,9 milhões na área de comercialização de energia, em função da exposição de cerca de 570 MW médios à diferença de preços entre submercados.

O volume exposto foi menor que a projeção de 700 MW médios para o período. Com portfólio concentrado no Nordeste e energia contratada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, a Cemig foi afetada pelas variações entre os preços regionais, resultando em sobra de energia no Nordeste e déficit nos demais submercados.

O impacto foi mais intenso em março, mês em que a diferença de preços chegou a cerca de R$ 270/MW entre o Sudeste/Centro-Oeste e o Nordeste. A empresa explicou que a disparidade nos preços de liquidação das diferenças (PLD) se deve às limitações de transmissão e foi agravada pela adoção do modelo newave híbrido e por critérios mais rigorosos de aversão ao risco.

Apesar do cenário desfavorável, a Cemig ressaltou que sua carteira diversificada de negócios contribui para mitigar os efeitos negativos causados pela oscilação de preços entre submercados.

Aumento nos custos de energia comercializada

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Os custos com energia adquirida no ambiente livre totalizaram R$ 1,51 bilhão, aumento de R$ 272,1 milhões (+22%), e decorrente do maior volume vendido na comercialização e da necessidade de cobrir déficits de energia em compromissos firmados.

O custo com energia de curto prazo aumentou R$ 255,5 milhões (+400,7%), influenciado pela alta nos preços do submercado Sudeste/Centro-Oeste, que não foi compensada pelos preços em valores mínimos verificados no Norte e Nordeste.

A despesa consolidada com energia elétrica para revenda chegou a R$ 4,27 bilhões (+21,5%), puxada pela alta de R$ 287,1 milhões (+43,3%) nos custos com geração distribuída (GD), motivada pelo reajuste tarifário e pelo crescimento no número de unidades geradoras — 318 mil em março de 2025 ante 261 mil em março de 2024.

A Cemig também registrou aumento de 30,5% na energia injetada na rede, totalizando 1.876 GWh. Por outro lado, houve redução de R$ 48,3 milhões (-3,8%) nas despesas com energia adquirida no ambiente regulado.

Outros fatores que impactaram o resultado

A equivalência patrimonial da Cemig foi R$ 48,4 milhões menor, reflexo da piora nos resultados da UHE Belo Monte e da ausência da equivalência da Aliança, após a venda da participação em 2024.

A energia distribuída pela Cemig D caiu 0,3% frente ao 1T24. O resultado financeiro também impactou negativamente em R$ 68,6 milhões, devido ao maior endividamento, especialmente na Cemig D, além do aumento da taxa Selic e do IPCA.

Por outro lado, o lucro da atividade de geração cresceu R$ 21,8 milhões, impulsionado por um melhor desempenho do Generation Scaling Factor (GSF). Em 2025, houve energia secundária em janeiro e fevereiro — cenário mais favorável do que em 2024, quando nenhum mês teve GSF acima de 1.

A empresa também obteve efeito positivo não recorrente de R$ 18,3 milhões no lucro, decorrente da migração de 1.032 funcionários para um novo plano de saúde.

Na mesma semana, a gestão da Cemig apresentou proposta para acordo com os trabalhadores, após críticas ao aumento da alíquota do plano corporativo. O Sindieletro-MG informou que a proposta é extensa e requer análise técnica, política e atuarial.

Receita líquida e Ebitda

A receita líquida da Cemig foi de R$ 9,8 bilhões no 1T25, alta de 8,7%. A receita bruta com venda de energia a consumidores finais atingiu R$ 7,26 bilhões (+3,5%), influenciada pelo reajuste tarifário de 7,32% em vigor desde 28 de maio de 2024, e por aumento de 1,8% no volume de energia.

A receita de suprimento foi de R$ 1,1 bilhão (+10,8%), com aumento de 13,4% no volume faturado. Já a receita com transmissão cresceu R$ 18,9 milhões, devido à variação do IPCA (2,04%) superior à registrada em 2024 (1,42%).

A receita bruta com fornecimento de gás chegou a R$ 920,8 milhões, ligeiramente acima dos R$ 919,5 milhões do ano anterior, impulsionada pelo aumento no volume de gás distribuído aos clientes livres.

O Ebitda ajustado caiu 9,6%, somando R$ 1,79 bilhão. A dívida líquida da Cemig alcançou R$ 10,48 bilhões (+6,1%), com prazo médio de amortização de 5,5 anos.

Base de clientes e fornecimento de energia

Em março de 2025, a Cemig atingiu 9,46 milhões de clientes, com crescimento de 205 mil unidades (+2,2%) frente ao mesmo mês de 2024. Desse total, 9.462.384 são consumidores finais e 2.372 são agentes do setor elétrico.

O fornecimento de energia, desconsiderando GD compensada, foi de 11.995 GWh no 1T25 (-0,3%). O resultado se deve à queda no consumo das classes rural (-9,7%), comercial (-3,2%) e serviços públicos (-5,3%), impactadas pela migração para GD e pelo maior volume de chuvas.

Por outro lado, houve aumento no consumo das classes residencial (+2,2%) e industrial (+1,1%). A redução de 6,5% no consumo do mercado cativo foi parcialmente compensada pelo aumento de 5,8% no uso da rede por clientes livres. Considerando a energia compensada da GD, a energia distribuída cresceu 1,8%.

A holding Cemig registrou vendas de 4.763 GWh (+5,4%), e a Gasmig teve queda de 6,7% no volume de gás vendido, mas aumento de 126,5% na distribuição para clientes livres industriais e térmicos, o que resultou em crescimento total de 7,6%.

Mudança na diretoria da Cemig

O conselho de administração da Cemig elegeu Luís Cláudio Correa Villani como novo vice-presidente de Tecnologia da Informação, com posse a partir de 8 de maio de 2025.

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